 As crianças crescem e saem de casa - olhando por outro ângulo - parte 3Venho
tratando nesta série de artigos sobre o momento em que os jovens saem de casa,
e o impacto que causam na vida de pais e cuidadores. Foi visto até agora que o
que chamamos de Síndrome do Ninho Vazio é uma série de sintomas, sensações e
emoções negativos em relação à saída dos filhos (ou sobrinhos/netos) de casa.
É
compreensível que se sinta falta destes jovens, que preencheram por tanto tempo
nossas vidas. Mas podemos ver estes acontecimentos por outro ângulo.
Quem é você agora?
Imagine
que para cada função que exercemos, ganhamos um título. Destes títulos que
temos – ou podemos ter- quais são aqueles que exercemos paralelamente ao de
mãe/responsável por uma criança, e que podemos agora nos dedicar mais?
Alguns
exemplos:
-
companheiras/esposas/namoradas de alguém;
-
funcionária ou profissional de alguma área;
-
aluna de algum curso;
-
professora de alguma coisa;
-
praticante de algum esporte, jogo, hobby;
-
participante de alguma religião...
Você
conseguiu responder? Quantos “títulos” você tem hoje?
Nos
meus muitos anos de terapeuta, ouvi um sem número de mulheres que não souberam
responder a esta pergunta.
Optaram
por cuidar dos filhos, ou dos jovens sob seus cuidados, e fizeram escolhas
radicais:
-
Elas relegavam seus companheiros ou esposos a um segundo plano. Sua vida
amorosa já não era o mais importante, era somente um item a exigir manutenção.
-
ou diminuíram o foco em sua carreira profissional, fazendo o mínimo necessário
e dedicando-se ao lar, ou, se sozinhas, se “matavam” de trabalhar para dar do
bom e do melhor para estes jovens.
Ao
mesmo tempo, todas deixaram de praticar atividades prazerosas para si mesmas, a
ponto de não conseguirem responder à uma simples pergunta:
“O que você faz para si mesma que te
deixa feliz”?
Vi
muita “mulherona” chorando em meu consultório, com esta simples pergunta.
Após
aquele minuto de silêncio inicial, elas diziam:
-“nossa,
não consigo lembrar de nada agora”.
-“sério,
para mim? Não pode ser para meus filhos ou minha família”?
-“faz
tanto tempo que não faço nada que gosto, que até me esqueci como é isto”.
-“dormir
tá valendo”?
Pois
é... quem é você agora, o que faz para si mesma, são questões que só podem ser
respondidas analisando o que você vem colhendo no presente, das ações que
“semeou” no passado.
Este
é o motivo da vida parecer vazia quando os filhos saem de casa. Eles levaram na
bagagem quem você era!
Podemos mudar isso?
Sim,
podemos. Todo e qualquer momento é bom para mudar o que não está bom em nossa
vida. Mas a escolha é somente sua. É como perceber que o sapato está apertado,
enquanto está se aprontando para sair. Se você mantiver o sapato, só para
combinar com o figurino, depois não reclame...
Se
seus filhos ainda não saíram de casa, está em tempo de buscar – na memória e na
prática – o que você gostava de fazer antes de estar tão atarefada. Faça uma
lista inicial, e veja o que pode encaixar na sua rotina semanal. Ler, passear,
desenhar, fazer artesanato, escrever, tocar algum instrumento, fazer algum tipo
de dança, cantar no coral, sair, estudar algo... seja lá o que for, tem que ser
para que você sinta alegria em fazer isto, e não para que se sinta obrigada a
fazer.
Outro
ponto importante é aprender a desapegar-se emocionalmente. Quando colocamos
nossa felicidade dependendo da atitude e da decisão dos outros, estamos nos
colocando em situações que não podemos controlar. E, fatalmente, iremos sofrer.
Quando
começamos este processo, voltamos a “nos conhecer” intimamente. Sabemos aonde o
sapato aperta, certo? E quando sabemos aonde é a dor, não podemos ter medo de
tirar o sapato, ou preguiça de fazê-lo, pois ficaremos machucados. Respeitar-se
e trocar os sapatos, respeitar-se e mudar comportamentos e atitudes, esta é a
mais correta atitude.
Quando
nos conhecemos, desenvolvemos também a capacidade de conhecer ou enxergar
melhor as outras pessoas, inclusive a quem amamos. Começamos a respeitá-los
como seres com vontade própria.
Ferramentas de mudança
Para
que se possa entrar num processo de autoconhecimento, a meditação é uma boa
aliada. Variáveis da meditação são os relaxamentos induzidos, ou visualizações
criativas. Todos estes processos nos levam a entrar em contato com o nosso
subconsciente, nossos pensamentos e emoções. Eu gosto de chamar isto de
encontro com meu Eu Interno, ou com meu Mestre Interno.
Outra
ferramenta que uso muito e ajuda no processo de mudança de padrão é a
Programação Neurolinguística. Conseguimos com esta técnica mudar nosso modo de
ver o que nos rodeia, e também a maneira como nos sentimos em relação a tudo o
que acontece.
Estas
mudanças trazem uma leveza em todos os relacionamentos que estabelecemos, seja
com filhos, com companheiros, amigos ou familiares. Não significa se conformar,
tolerar, carregar o fardo com dignidade. Significa realmente viver sua vida em
plenitude, e deixar com que cada um faça o mesmo.
O
que gosto nas duas ferramentas aqui apresentadas, é que elas podem ser
aprendidas e utilizadas diariamente, por poucos minutos. O que significa que
mesmo que nossa rotina diária seja apertada, conseguimos dedicar algum tempo
para nós mesmos.
Na
verdade, não importa se hoje você ainda tem a rotina apertada entre cuidar de
jovens seres humanos, trabalhar e cuidar da casa e do resto da família; não
importa se está só a maior parte do dia, e com um tempo ocioso que está te
desequilibrando.
A
melhor decisão a se tomar será sempre cuidar melhor de si mesmo, em todos os
sentidos. Lembre-se: com “sapatos” leves e confortáveis, vamos mais longe, e
mais felizes! Se você quiser conhecer como eu mesma fiz esta transformação em minha vida, clique aqui!
|